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31/10/2011 -
A presença inédita de duas assistentes mulheres no campo do
Triunfo, no Sambaqui, agitou o jogo do sábado (29) dos times
Sub-15 do próprio Triunfo e do Figueirense. As reações de
torcedores e jogadores variaram entre preconceito contra
mulheres que trabalham com futebol, respeito e admiração. Mas
Vanessa Nazário, de 30 anos, e Fernanda Uliana, 20, que são
credenciadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF),
não se abalaram.
Das
arquibancadas, vinham comentários como este feito no início do
segundo tempo: “Ô, mesário, agora troca a loira e a morena de
lugar. Traz a loira mais aqui para perto de nós. Ou então o
falado de canto de boca após uma marcação de impedimento
polêmica: “Para modelo, elas estão bonitas, né!?”. Houve
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também as
típicas observações sobre a arbitragem. “Ô, tem que dar um
esporro naquela bandeirinha. Muito ruim”, disse um torcedor.
Dentro de
campo, no entanto, a história era bem diferente. “Os jogadores
respeitam. Até porque nem pode mexer com elas senão corre o
risco d e levar cartão”, explicou o jogador Elias, que estava
atuando como maqueiro. Para o coordenador técnico das divisões
de base do Triunfo, Heitor Cordeiro, há também um fator
geracional envolvido. “Essa gurizada nova está mais acostumada
com a presença de mulheres no campo. O pessoal antigo é que é
complicado”, afirmou.
Mas Elias
acha que ainda precisa melhorar. “Se um homem e uma mulher
cometem o mesmo erro, o pessoal fala mais mal da mulher”,
contou. A mesma opinião mostrou a fisioterapeuta do Triunfo,
Valentine Vargas, que, quando entra no campo para fazer
atendimentos, costuma ouvir “ai, também quero me machucar” ou
“esse aí se jogou no chão para ganhar um carinho”. Para ela,
só o tempo e a participação das mulheres vão resolver a
questão.
Assistentes
contam cantadas que já levaram

No campo,
Fernanda Uliana e Vanessa Nazário, que se definem como
apaixonadas por futebol, confirmam que são respeitadas.
“Aqueles que se alteram durante o jogo, vêm pedir desculpas no
final”, diz Vanessa. Mas fora do gramado a coisa muda de
figura.
A vaidosa
Fernanda, que sempre passa rímel e lápis preto nos olhos para
trabalhar, já recebeu bilhetinhos com telefones de integrantes
de comissões técnicas. Vanessa já foi adiciona por “fãs” no
Facebook.
Apesar
disso, convites concretos para sair, até agora, ninguém teve
coragem de fazer. E olha que lá se vão dois anos de atuação
como árbitra assitente, sendo que as duas fizeram juntas o
curso na Escola de Arbitragem Gilberto Nahas, em Balneário
Camboriú.
Ainda bem
que os assédios não são tão escrachados, principalmente porque
Vanessa tem namorado. “Ele apóia, mas não gosta de ir aos
jogos para não acabar arrumando encrenca, tirando satisfação
com alguém que me xingou”, conta.
Ainda bem
também que as garotas são tranqüilas e buscam ignorar as
provocações, até porque sabem o que estão fazendo. “Tem horas
que eles reclamam do que marcamos, mas, na verdade, não sabem
a regra direito, não têm tanto conhecimento quanto a gente”,
diz Fernanda, que ressalta que todos os assistentes, sejam
homens ou mulheres, são submetidos às mesmas provas teóricas.
É claro
que o preconceito incomoda, mas as meninas são otimistas. “É o
mesmo problema enfrentado por mulheres que trabalham em outros
ambientes masculinos. E isso está melhorando”, diz Vanessa,
apoiada por Fernanda.
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Fonte:
www.daquinarede.com.br/ |